Núcleo de Estudos Histórico-Políticos de Itapetininga
NEHPI
Sobre a modernidade - por Fábio Alves Medeiros
Para falar, debater sobre o processo de individualização, que se amplifica atualmente, é necessário compreender a dinâmica social que desenha este quadro, a fim de se investigar a natureza do fenômeno. A individualização está enraizada nas instituições modernas, talvez, mais do que isso, seja a própria base da sociedade moderna.
Os pensadores iluministas foram os primeiros a traduzir esta característica da sociedade, e o sujeito portador de liberdades negativas começa a ser desenhado, esta liberdade que significa a ausência de regras que force o indivíduo a fazer ou deixar de fazer algo.
Thomas Hobbes, John Locke, Jean Jacques Rousseau, entre outros, ajudaram a delinear os significados de individualidade e liberdade modernos: um ideal de sociedade livre e de direitos que se consolida no século XX, representando a vitória do projeto de modernidade.
E é a partir desse vitória que se observa o processo de decadência e de intensificação das características da sociedade moderna ― o indivíduo, o mercado e a dinâmica tecnocientífica ―, o que leva a crer que o atual estágio de mudanças seja caracterizado pela radicalização da modernidade e não pela ruptura com este modelo. Estamos em um processo de hipermodernização, no qual ambivalências invadem as esferas públicas e privadas da vida.
Neste cenário é possível acreditar que a sociedade está se realocando, reconfigurando-se dentro dos mesmos elementos fundadores, mas levados até as últimas consequências, através de um processo de autoconfrontação, o que leva a crer o caráter reflexivo da modernidade, no sentido que Ulrich Beck e Anthony Giddens preconizam.